Este blog objetiva, sempre que possível diariamente, colocar para os amigos comentários sobre fatos de que participei ou aqueles que presenciei, ou ainda comentar assuntos que estejam na pauta jornalística do momento.

terça-feira, 3 de junho de 2008

atualidades-comentários-madeira(Rio de Janeiro)



O Rio de Janeiro de hoje:aproveitei o final de semana recente para visitar e rever o Rio em que nasci e residi,de 1939 a 1961,o Rio de hoje.Quanto ao urbanismo encontrei um Rio envelhecido,muito modificado,nos prédios e ruas.Aqueles tiveram as belas casas,com frentes verdadeiras obras de arte,consubstanciadas em jardins e varandas,substituidas por edificios,na Tijuca,minha referencia,de frentes de gosto duvidoso,onde se sobressai a frieza da preocupação com a segurança.As ruas antigas,do meu tempo de criança,estão também descaracterizadas para pior.Pisos em mau estado de conservação,calçadas irregulares,sujas,com cocô de animais por todo lado e lixo,nitidamente atirado por transeuntes,espalhado pelo chão.Trânsito ensandecido completa a péssima impressão em mim causada.Ah,onde está a beleza dos bairros acariciantes do Rio,com suas ruas limpas,casas conservadas,com aspecto tradicional,de arquitetura cópia da européia?Por que,em nome do modernismo e da segurança,abandona-se o calor da morada,o conhecimento da vizinhança,a boniteza da arquitetura,pela agressividade das formas de construção?Por que,em nome da pressa e em atenção a circulação de veículos há o esquecimento do lirismo de se andar a pé e de se transitar com calma?Não existe mais a minha Tijuca,onde os bondes rodavam com um barulho monótono mas seguro,ventilados,abertos,todos vendo-se e sem qualquer diferença social,hoje substituídos por ônibus fechados,por carros velozes, egoísticos,que levam uma pessoa por vez e que se sentem superiores aos pobres pedestres,que são vencidos,com sobras,por essas máquinas mortíferas,que transformam seus motoristas,seres humanos iguais,em cavaleiros do mal,envergando suas armaduras de aço.Prédios tradicionais foram tranformados,por interesses imobiliários ou por incapacidade de seus proprietários em entender essa mudança terrível de costumes,em prédios multifacetados ou em novas e horrorosas construções sem tradição,que certamente também serão transformadas em novas,logo em breve,pela ausência de motivo para existirem.São verdadeiros tiros no escuro.Cadê na Praça Saens Pena o Café Palheta,onde tomavámos o melhor sunday do bairro?A Sears,onde as famílias compravam as bijuterias,perfumes, artigos de toucador,com grandes mostruários?Os cinemas,desde o luxuoso Metro Tijuca ao poeirinha cine Tijuca,que nos permitiam,ver todos os tipos de filme e por variados preços?O bar e café Eden,local onde toda a juventude masculina da Tijuca aprendeu a jogar sinuca?O cine Olinda,onde não se podia ir ao banheiro masculino pois encontrar-se-ia sempre,no mesmo,uma bicha velha,implorando para dar um seguradinha ou algo mais,em troca de um dinheirinho,onde enfim estão todas essas minhas reminiscências de uma adolescência,onde não existia ficar,nem a ladroagem que hoje campeia?Ah,minha querida e lírica Tijuca,das peladas de rua na José Higino(onde passava um carro de dez em dez minutos);dos bailes de quinze anos no Tijuca Tenis Clube,com retorno,a pé para casa às quatro,cinco horas da manhã;dos passeios de bonde ao Alto da Boa Vista;das tacadas no Eden;dos musicais da Metro no Metro Tijuca;dos filmes brasileiros no cine Carioca;dos filmes de faroeste no cine América;das injeções de penicilina,na nádega,na farmácia Granado(para acabar com aquela gonorréiazinha safada,pega em uma incursão na zona do Mangue);dos lanches,finalizados com um big sunday no Palheta;enfim de tudo que não era cercado de perigos.Saudosista,não realista,pois se existem muitas coisas boas,fruto dos tempos modernos,foram mortas e sepultadas muitas excelentes de então.Madeira

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